Cannabis e doenças inflamatórias intestinais

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O interesse por terapias complementares no manejo das doenças inflamatórias intestinais (DII) tem aumentado, especialmente entre pacientes que buscam alternativas para controlar sintomas e melhorar a qualidade de vida. A cannabis medicinal tem chamado a atenção por seu potencial no alívio de sintomas gastrointestinais e na promoção do bem-estar.

Este guia oferece uma visão abrangente e baseada em evidências sobre a relação entre cannabis e doenças inflamatórias intestinais, incluindo definições, benefícios, riscos e recomendações para uso responsável, sempre reforçando a importância do acompanhamento médico. Continue sua leitura e entenda mais!

O que são as doenças inflamatórias intestinais (DII)?

As doenças inflamatórias intestinais são caracterizadas por inflamação crônica no trato gastrointestinal. Dentre elas, a doença de Crohn e a colite ulcerativa são as mais comuns.

A doença de Crohn pode atingir qualquer parte do sistema digestivo, da boca ao ânus, mas afeta principalmente o íleo e o cólon. Já a colite ulcerativa apresenta inflamação contínua restrita ao cólon e reto. Em ambas, sintomas como dor abdominal intensa, diarreia persistente, sangramento retal, febre e perda de peso são recorrentes.

Viver com DII impõe desafios diários: as crises podem ser imprevisíveis, afetando o trabalho, os estudos, a vida social e a autoestima. Nos casos mais graves, há risco de desnutrição, anemia, fadiga e comprometimento do crescimento em crianças e adolescentes. Além dos sintomas intestinais, manifestações extra intestinais como artrite, lesões cutâneas e oculares também podem ocorrer.

Ilustração do intestino com fundo de folhas de maconha

O que é SII? É o mesmo que DII?

A síndrome do intestino irritável (SII), por sua vez, é uma desordem funcional, sem inflamação tecidual. Os sintomas incluem dor abdominal, distensão, gases e alternância entre diarreia e constipação. O desconforto pode ser significativo, mas não há risco de complicações estruturais graves, diferentemente das DII.

Principais sintomas e desafios no tratamento das DII e SII

Pacientes com DII enfrentam dores abdominais intensas, diarreia crônica, náuseas, sangramento retal, perda de peso e fadiga constante. Esses sintomas prejudicam a qualidade de vida, levando a ausências no trabalho, isolamento social e dificuldades emocionais. A SII, embora não seja inflamatória, apresenta dor, desconforto, distensão abdominal e alterações do ritmo intestinal, causando angústia e limitações.

Os tratamentos tradicionais das DII incluem imunossupressores, corticoides e agentes biológicos. No entanto, muitos pacientes relatam efeitos colaterais significativos, como maior risco de infecções, ganho de peso, hipertensão e osteoporose.

A resposta pode ser parcial ou insatisfatória, o que motiva a procura por alternativas como a cannabis medicinal. No caso da SII, o tratamento é focado no alívio sintomático com antiespasmódicos, antidepressivos e modificações dietéticas, mas a imprevisibilidade dos sintomas ainda traz desafios.

Como funciona o sistema endocanabinoide? Ele ajuda a tratar a DII?

O sistema endocanabinoide atua na homeostase do corpo, regulando inflamação, resposta imune e dor. Os receptores CB1 localizam-se predominantemente no sistema nervoso central e trato gastrointestinal, controlando motilidade e secreção. Os CB2 são encontrados em células do sistema imune, modulando processos inflamatórios.¹

Nos distúrbios intestinais, a disfunção desse sistema pode intensificar dor, aumentar a motilidade e agravar a inflamação. O potencial terapêutico da cannabis reside na capacidade de seus fitos canabinoides, como canabidiol (CBD) e THC, restaurarem o equilíbrio do sistema endocanabinoide, reduzindo sintomas e melhorando o funcionamento intestinal.

Como a cannabis interage com o sistema gastrointestinal?

A cannabis medicinal contém fito canabinoides que se ligam aos receptores CB1 e CB2, promovendo efeitos anti-inflamatórios, analgésicos e moduladores da motilidade intestinal.³

O CBD, em especial, tem efeito imunomodulador, diminuindo a produção de substâncias inflamatórias e aliviando sintomas da DII. O THC, por sua vez, pode melhorar o apetite, controlar náuseas e contribuir para a redução da dor crônica.

Estudos indicam que a ativação do sistema endocanabinoide por esses compostos resulta em menor secreção de mediadores inflamatórios, diminuição da hiperatividade intestinal e alívio da dor visceral. Isso se traduz em conforto gastrointestinal e melhor adaptação à rotina diária.

Benefícios potenciais do CBD e THC para sintomas gastrointestinais

O CBD atua na diminuição da inflamação e na regulação do sistema imunológico, enquanto o THC pode aumentar o apetite e controlar sintomas como náuseas e dores abdominais. Pesquisas com pacientes de Crohn e colite ulcerativa mostram redução da frequência e intensidade das crises, melhora do sono e do ânimo.²

O uso combinado de CBD e THC pode potencializar o efeito analgésico, favorecendo o retorno às atividades sociais e profissionais. Contudo, a cannabis medicinal deve ser considerada como complemento ao tratamento tradicional, nunca como substituto, e sempre com acompanhamento médico.

Importância do eixo cérebro-intestino no tratamento integrativo

O eixo cérebro-intestino é a via de comunicação entre o sistema nervoso central e o trato gastrointestinal, mediada por neurotransmissores, hormônios e células imunes. O desequilíbrio desse eixo pode agravar sintomas gastrointestinais e favorecer transtornos emocionais, como ansiedade e depressão, comuns em DII e SII.

A cannabis medicinal, principalmente o CBD, pode atuar nesse eixo, reduzindo estresse, melhorando o humor e promovendo resiliência. O suporte psicológico, aliado ao tratamento farmacológico, reforça a abordagem multidisciplinar e potencializa o controle global dos sintomas.

Formas de uso da cannabis e cuidados essenciais no tratamento

A cannabis medicinal pode ser administrada como óleos, cápsulas ou sprays orais. A escolha do produto e a dosagem dependem do perfil clínico, gravidade dos sintomas e orientação do especialista. A recomendação é iniciar com doses baixas, ajustando gradualmente, sempre monitorando benefícios e possíveis efeitos adversos.

No Brasil, a prescrição é regulamentada pela Anvisa, exigindo avaliação médica, receita específica e cumprimento de trâmites para compra em farmácias autorizadas ou importação. O acompanhamento regular é indispensável para segurança e eficácia.

A automedicação e o uso de produtos sem procedência são fortemente contraindicados, pois aumentam o risco de efeitos indesejados e dificultam o controle dos resultados.

Médico escrevendo prescrição com planta de cannabis

Alerta médico: sempre consulte um especialista!

O uso da cannabis medicinal para doenças gastrointestinais deve ser individualizado, com rigor técnico e acompanhamento multidisciplinar. Apenas médicos qualificados podem avaliar indicações, contraindicações e interações medicamentosas.

A automedicação pode causar efeitos adversos, mascarar sintomas importantes e comprometer o tratamento. Consultar um especialista garante adaptação personalizada da terapia, maior segurança e melhores resultados.

Em caso de dúvidas, busque fontes confiáveis e mantenha o acompanhamento profissional. O Dispensário da Mata oferece suporte qualificado para quem deseja conhecer mais sobre o uso seguro da cannabis medicinal em doenças intestinais. Pensando nisso, separamos um conteúdo exclusivo sobre as principais doenças tratáveis com a cannabis medicinal. Acesse já!

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Referências

  • SHARKEY, K. A. et al. O papel do sistema endocanabinoide no eixo cérebro-intestino. Gastroenterology, 2016. Acesso em: 18 set. 2025.
  • NAFTALI, T. et al. A cannabis induz resposta clínica em pacientes com doença de Crohn: um estudo prospectivo controlado por placebo. Clinical Gastroenterology and Hepatology, 2013. Acesso em: 18 set. 2025.
  • FILIPPIS DE, D. et al. Canabidiol nas doenças inflamatórias intestinais: uma visão geral. Phytotherapy Research, 2012. Acesso em: 18 set. 2025.

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