Início / Blog / Cannabinóides / Tipos de canabidiol: CBD Isolado, Broad spectrum e Full Spectrum
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O canabidiol (CBD) é um canabinoide, substância oriunda da planta Cannabis Sativa, que tem sido bastante utilizado de forma terapêutica. Porém, não existe apenas um tipo de canabidiol.
Aqui, vamos abordar as diferenças entre os tipos de canabidiol disponíveis no mercado, o broad spectrum, full spectrum e isolado, suas aplicações medicinais, como a legislação se posiciona perante a eles, sua composição e fabricação.
Continue sua leitura e acompanhe!
Esse tipo de CBD contém todos os compostos — canabinoides, terpenos e flavonoides — presentes na Cannabis Sativa ou Indica. Nesse caso, o composto apresenta uma mínima quantidade de THC, em média 0.3%, e outros canabinoides em maiores quantidades, como o canabidiol (CBD), canabigerol (CBG), canabinol (CBN) e canabicromen (CBC).
Um dos principais benefícios do full spectrum é que a presença de múltiplos canabinoides e terpenos pode resultar no chamado “efeito entourage”, em que os compostos trabalham sinergicamente para potencializar os benefícios terapêuticos.
O processo de fabricação do CBD full spectrum é feito com a extração via CO2 supercrítico ou solventes como o etanol. Após a extração, o produto passa por um processo de filtração mínima para preservar todos os compostos da planta.
O uso do full spectrum é recomendado para pacientes com dor crônica, ansiedade, epilepsia, artrite, artrose, efeitos colaterais da quimioterapia ou radioterapia, fibromialgia e outras condições. Ele traz qualidade de vida, alívio da dor, tranquilidade, conforto. Ainda, ajuda na melhora do apetite e do sono, bem como ajuda na redução do estresse crônico.
Porém, por conter quantidades — mesmo que mínimas — de THC (o composto que causa alterações cognitivas, famoso pelo uso recreativo da Cannabis) o full spectrum não é indicado para casos de doenças psiquiátricas, como transtorno bipolar e esquizofrenia, que manifestam sintomas de psicose ou risco de desenvolvê-la.
Esta recomendação baseia-se em evidências substanciais que ligam o uso de THC ao aumento do risco e exacerbação de sintomas psicóticos. Estudos epidemiológicos sugerem que o uso regular de cannabis com alto teor de THC pode aumentar o risco de desenvolver esquizofrenia e transtorno bipolar, especialmente, em indivíduos geneticamente predispostos [15].
Além disso, o uso de THC pode reduzir a eficácia de medicamentos antipsicóticos e dificultar a estabilização de pacientes com transtornos psicóticos, bem como piorar déficits cognitivos associados à psicose, como problemas de memória e atenção [16].
O tipo isolado é a forma mais pura de canabidiol, contendo apenas a molécula de CBD, sem outros canabinoides ou compostos da planta, composto por 99%+ de CBD.
O processo de produção do CBD isolado envolve várias etapas de refinamento após a extração inicial. Isso inclui winterização (remoção de ceras e lipídios), destilação e cristalização para isolar o CBD puro [3].
O CBD isolado tem despertado interesse crescente no campo da psiquiatria devido ao seu potencial terapêutico e perfil de segurança favorável. Diferentemente do THC, o CBD não possui propriedades psicoativas, o que o torna uma opção promissora para o tratamento de diversos transtornos psiquiátricos.
Estudos clínicos indicam que o CBD pode reduzir sintomas de ansiedade em transtornos como fobia social, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) [8]. Embora mais pesquisas sejam necessárias, estudos pré-clínicos também sugerem que o CBD pode ter efeitos antidepressivos, possivelmente através da modulação do sistema serotoninérgico [9].
O CBD isolado, diferente do full spectrum, tem mostrado potencial como um tratamento adjunto para esquizofrenia. Inclusive, há alguns estudos indicando que pode ajudar a reduzir sintomas psicóticos e melhorar a função cognitiva [10].
Pesquisas preliminares sugerem que ele pode ter efeitos estabilizadores do humor, o que poderia ser bastante interessante para condições como o transtorno bipolar, embora mais estudos clínicos sejam necessários para confirmar sua eficácia [11].
O CBD isolado pode melhorar a qualidade do sono em pessoas com transtornos de ansiedade e TEPT, embora seu efeito direto na insônia primária ainda esteja sendo estudado [12].
De maneira geral, o CBD isolado atua através de múltiplos mecanismos no sistema nervoso central:
As principais vantagens do uso do CBD isolado são a ausência de efeitos psicoativos — mesmo que mínimos — que poderiam causar alteração na percepção ou cognição, baixos efeitos colaterais e interação mínima com outros medicamentos. Essa interação é menor até mesmo que psicofármacos (remédios) tradicionais.
Leia também: Entenda os benefícios da cannabis medicinal, a legislação e mais!
O CBD broad spectrum ocupa uma posição única no espectro de produtos de CBD, oferecendo um equilíbrio entre o CBD isolado e o full spectrum. Apesar de conter outros canabinoides, diferente do full spectrum, esse tipo de canabidiol não possui THC em níveis detectáveis em sua composição.
Uma de suas grandes vantagens é o potencial efeito entourage, sem os efeitos psicoativos associados ao THC. Pode-se dizer que o broad spectrum contém o “lado bom”, tanto do full spectrum quanto do CBD isolado.
Um produto de CBD broad spectrum pode conter:
O processo de produção do CBD broad spectrum envolve uma extração inicial: similar ao CBD full spectrum, utilizando métodos como extração com CO2 supercrítico ou solventes, depois a winterização que remove ceras e lipídios, seguida por uma destilação que concentra os canabinoides.
O processo também conta com a remoção do THC via cromatografia ou outros métodos de separação para eliminar seletivamente o THC e por último a reintrodução de terpenos — em alguns casos, terpenos específicos são adicionados de volta ao extrato.
Estudos sobre o CBD broad spectrum são menos numerosos em comparação com o full spectrum ou isolado, mas pesquisas preliminares e evidências anedóticas sugerem potencial em pacientes com:
A legislação sobre CBD varia entre países e regiões. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamentou o uso medicinal de produtos à base de Cannabis, incluindo o CBD, através da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 327, de 9 de dezembro de 2019 [7].
Pontos importantes da legislação brasileira:
É fundamental ressaltar que a legislação está em constante evolução, e os pacientes devem consultar as regulamentações atualizadas e profissionais de saúde antes de iniciar qualquer tratamento com CBD.
Confira também o nosso post sobre como e onde comprar cannabis medicinal no Brasil e entenda melhor o que diz a legislação.
Boa leitura.
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